Há algum
tempo, estava eu assistindo a mais uma luta de Ronda Rousey pelo UFC. Atleta
olímpica, supercampeã, estrela de cinema, campeã, destruidora e o que mais
viesse na cabeça. A mulher era um fenômeno de mídia e de luta, a ponto de levar
as categorias femininas ao UFC e abrir um novo leque de espectadores a esse
esporte maravilhoso que é o MMA. Até o dia 15 de novembro.
Antes de
sua luta contra Holly Holm, Ronda estava o tempo inteiro nos holofotes. É talk
show pra lá, filme pra cá, vários famosos rasgando seda pra ela, sejam de seu
mundo (Vitor Belfort por exemplo, elogiou muito Ronda numa coletiva de sua mais
recente luta em São Paulo, a qual tive a honra de estar presente) ou de mundos
diferentes (Sylvester Stallone, Mike Tyson, Vin Diesel, Demi Lovato...a lista é
grande). Era a nova grande estrela do UFC, vendável, bonita, campeã, grandiosíssima
lutadora.
Porém do
outro lado, havia também uma lutadora. E talvez isso tenha sido negligenciado
por Ronda. Talvez nem mesmo intencionalmente, já que com esse monte de
entrevista, filme e os caramba a quatro deve sobrar pouco tempo pra treinar
mesmo. Vida de popstar não é moleza não velho...
E essa era
uma lutadora muito boa num ponto onde Ronda ainda não tinha sido testada ainda:
O boxe. Beleza, fica fácil pra cacete pra mim falar agora, que a luta já
passou, Inês já está morta. Muito fácil ser engenheiro de obra pronta.
Pois bem,
Ronda perdeu da Holly, que, na opinião dos especialistas (e na minha também, já
que eu pensava a mesma coisa, só que eu não sou especialista, hahaha...ainda).
não estava pronta para tal nível de competição, já que não havia sido
devidamente testada. Apesar de eu achar que Marion Reneau, ultima lutadora vencida
por Holm antes da luta contra Ronda, é um osso duríssimo de roer, mas, só pra
não me contradizer, não achei que Rousey pudesse ser dominada da forma que foi.
Nem que a luta ia acabar do jeito que acabou.
“Mas pera
aí Gabriel, essa luta foi há séculos atrás. Porque cargas d’água você só tá
falando disso agora cazzo?”
Na verdade,
esse começo foi uma gigantesca introdução sobre outro esporte. Totalmente
diferente, mas igualmente emocionante:
Futebol!
Quem me
conhece sabe: Sou torcedor palmeirense, de coração (e em breve, de carteirinha
também).
Qualquer
ser que não esteja dando umas voltinhas duas ruas depois de Júpiter também
sabe: Santos e Palmeiras duelarão pela final da Copa do Brasil, o segundo maior
torneio em importância no país, que dá ao campeão o direito a uma vaga na fase
de grupos da Libertadores 2016, que leva ao Mundial, que o nome por si só
justifica a função do torneio. Enfim, é um passo para se provar o maior do
mundo.
Pois bem, o
que uma coisa tem a ver com a outra? Eu digo: O comportamento da massa.
O que vejo
nos noticiários, nos jornais, nas conversas informais nos ônibus, em bares e
até em casa (Pois meu querido irmão é santista, e vem se dedicando a irritar
até o meu último nervo, como qualquer torcedor rival faz em véspera de decisão,
sem sucesso, coitado), o que vejo basicamente no Brasil inteiro é uma coisa só:
“O Santos vai ser campeão. Vai tratorizar, vai humilhar o Palmeiras de todas as
formas possíveis e impossíveis. Vai sair gol até do goleiro (melhor ouvir isso
que ser surdo, não?) Vai ser um dos jogos mais humilhantes da história. Nada
impede o Santos de perder essa final. Não há nenhuma forma de o Palmeiras ser
campeão”.
Vendo isso,
tenho esse sentimento de dejavú. Já ouvi palavras assim em algum lugar. Em
2009, nas oitavas da libertadores, teve um que esculachou o Palmeiras de todas
as formas. Nem lembro o nome do infeliz, nem quero lembrar. Eu só sei que o
Marcos colocou as coisas em seu devido lugar, pegou 3 pênaltis e fez o
Palmeiras passar de fase. Ah, em 2012 escutei isso também. O Neto falou com
tanta veemência que o Coritiba ia ser campeão que eu quase acreditei nele. Ai
eu lembrei que ele é o Neto e, enfim. Também estava errado.
Assim como
os especialistas sobre a luta de Ronda Rousey... Percebeu?
Do mesmo
jeito que julgamos que Holly Holm não estava devidamente preparada para encarar
Ronda, o mundo julga que o Palmeiras não
consegue bater de frente com o Santos hoje. Reforçam isso com uma força tão
gigante, de que o Santos é imbatível, e coisa e tal. Esquecem se que tem um
time por trás do Palmeiras. Esquecem se que há jogadores que são movidos por títulos,
e que alguns deles estão do lado verde. Esquecem se de que, se eles tem Lucas
Lima, Ricardo Oliveira, Gabriel (vulgo Gabigol), Marquinhos Gabriel, nós, do
lado de cá, temos Fernando Prass, Zé Roberto, Arouca, Gabriel Jesus, Dudu,
Robinho, Vítor Hugo...
Se esquecem
que esse Palmeiras é extremamente afeiçoado a jogos grandes. Ok, não venceu o
Paulista em cima do próprio Santos, mas foi exatamente pela própria soberba.
Mas anteriormente, tinha eliminado o Corinthians, goleou o São Paulo, além de
vencê-lo no Paulista com um golaço de Robinho. O problema do Palmeiras é o
complexo de Robin Hood. Mas veja se não
demos trabalho aos grandes? Veio Cruzeiro, veio Internacional, veio Fluminense.
Todos caíram. Isso lá é coisa fácil de se fazer?
Nesses dois
jogos dessa final, que o Palmeiras seja tão cirúrgico como foi Holly Holm
contra Ronda Rousey. Pra deixar bem claro, sem sombra de dúvida, que do outro
lado há um time. E que esse time pode ser tão forte quanto o Santos, que vem
pra essa final com uma aura de Ronda Rousey no ar. Porém, nós sabemos: O Santos
não é a Ronda Rousey. E mesmo que fosse, poderia muito bem ser vencido. Afinal,
Holly Holm é, no dia de hoje, a campeã. Espero de coração, que o Palmeiras
também o seja.